Palavra, política e mito na trilogia de Fontaínhas de Pedro Costa

Um dos temas mais recorrentes da crítica da obra de Pedro Costa é a indiferenciação, nos seus filmes, entre o aspecto documental e a ficção. Quer privilegiem uma dessas vertentes, quer se interessem pelas passagens de uma à outra, as análises sempre convergem ao enfatizar a originalidade desse cinema ao lidar com a realidade da vida e a ordem da invenção. Também o convívio ou a coexistência de uma fala comum, ordinária, e de uma linguagem mítica costumam ser distinguidos como uma das maiores conquistas dessa obra que tem no seu foco uma população exilada da palavra pela sua condição periférica. Na minha apresentação proporei o abandono dessa dualidade entre ficção e realidade, trazendo para o cerne da discussão o estatuto da palavra no cinema de Pedro Costa, na qual não verei como distintas, as dimensões ordinária mítica.  Continuar lendo